Como escolher um bom protetor solar para a pele e para o ambiente?

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Como escolher um bom protetor solar para a pele e para o ambiente?
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O calor convida a ir à praia, à piscina ou ao parque e, como já todos sabemos, o uso de protetor solar é indispensável. No entanto, nem todos os protetores são iguais: é preciso ler o rótulo para, além da pele, proteger também o ambiente.

Aplicar protetor solar é essencial para evitar queimaduras solares, envelhecimento precoce e cancro da pele. Mas se por um lado a pele fica protegida, os organismos aquáticos podem ser afetados, incluindo os que fazem parte da cadeia alimentar.

"Os protetores solares são um conjunto de compostos químicos, criados pelo Homem para proteger a pele. Todos têm um impacto negativo no ambiente, embora em medidas diferentes", alerta Eva Iñiguez, mestre em biologia marinha.

Químicos a evitar

É, por isso, importante ler os rótulos: os químicos oxibenzona e octinoxato são especialmente perigosos para os organismos aquáticos.

Vários estudos mostram que a oxibenzona pode causar branqueamento de corais. Estima-se que entre seis a 14 mil toneladas de protetor solar, que contêm entre um a 10% de oxibenzona, são libertadas em áreas de recife de coral todos os anos.

  • Na costa atlântica francesa são descarregados por dia mais de oito quilos de cremes protetores.
  • Nas costas do Havai (que há vários anos proibiu protetores solares com oxibenzona e octinoxato) 36 quilos por dia.
  • No Caribe mexicano, uma das zonas com mais corais, são despejadas quase 230 toneladas de protetores por ano.

“Numa praia com mil visitantes são descarregados 35 quilos de compostos”.

Cadeia alimentar também é afetada

A investigadora Marta Martins, especialista em poluição marinha e ecotoxicologia, explicou à agência de informação Lusa que os estudos indicam que os compostos dos protetores podem afetar os organismos aquáticos, por exemplo ao nível da reprodução, do sistema nervoso central ou a nível hepático.

Podem também ter efeitos nas microalgas, o que irá afetar a cadeia alimentar, nomeadamente as larvas e os peixes juvenis.

Uma amêijoa acumula uma concentração elevada e se o ser humano a consome está a consumir esse composto.

Também os protetores solares com óxido de zinco e óxido de titânio podem entrar na cadeia alimentar: não são assimilados pelos humanos, mas sim pelos organismos aquáticos, como acontece com os microplásticos.

Químicos acabam sempre no mar

Os compostos dos protetores solares são levados para o oceano quando as pessoas vão nadar. Além disso, ao serem absorvidos pela pele, saem na urina e nas fezes, e acabam por ser descarregados pelas Estações de Tratamento de Águas Residuais (ETAR).

Como as ETAR não conseguem reter esse tipo de compostos e eles acabam por ir parar aos rios e oceanos.

Os organismos marinhos acabam assim afetados de duas formas: diretamente pelos resíduos dos protetores dos banhistas, em dias de sol, e indiretamente pelas águas que as ETAR não filtram, durante todo o ano.

A aplicação de protetores não está em causa. O que está em causa são as escolhas. E só um cidadão informado consegue fazer boas escolhas.

Além do cuidado a ter com os químicos prejudiciais ao ambiente, é preciso escolher bem o protetor solar.