Ideias perigosas de controlo e violência no namoro

SIC Explica-me

Ideias perigosas de controlo e violência no namoro

“Se ele tem ciúmes, é porque gosta de ti” ou “o amor verdadeiro supera tudo - até os gritos e insultos”. Cuidado com frases como estas que são muito comuns em filmes, músicas e conversas do dia a dia, mas escondem ideias perigosas de controlo e violência.

Vários investigadores de uma universidade de Barcelona, em Espanha, realizaram um estudo em conjunto com a investigadora e professora Susana Costa-Ramalho, da Universidade Católica Portuguesa, sobre os mitos do amor romântico.

Os resultados da investigação alertam para o elevado número de pessoas que acham normal o ciúme, o controlo e até a violência em nome do “amor verdadeiro”.

Ligação direta à violência no namoro

Os dados reforçam a ligação entre os mitos do amor romântico e a aceitação da violência nas relações íntimas, sobretudo entre jovens.

  • 64% dos rapazes justificam comportamentos de controlo numa relação e 46.8% das raparigas
  • 44% acham válida a violência psicológica
  • 41% a violência sexual
  • 14% consideram normal a violência física no namoro

A investigação revelou que entre os jovens portugueses entre os 18 e os 30 anos existem vários mitos.

  • O amor vale tudo
  • Os ciúmes são prova de afeto
  • O amor perdoa a violência
  • É preciso ter um parceiro para se ser feliz

Para a investigadora da Universidade Católica estes mitos reforçam uma visão desequilibrada do amor, onde o sofrimento é romantizado e o abuso é tolerado.

"Precisamos urgentemente de educar os jovens para relações saudáveis, baseadas no respeito, na verdade, no entendimento e na cumplicidade, nunca na desigualdade.” explica Susana Costa-Ramalho.

O que é a violência no namoro?

São comportamentos que se repetem de alguém que exerce o poder através da violência (física, psicológica, económica e/ou sexual), com o objetivo de controlar, dominar e submeter o outro/a.

A vítima não deve responsabilizar-se pela situação. Mesmo que o/a namorado/a ou ex-namorado/a queira justificar a violência, não há nada que a justifique.

Lembra-te que todas as pessoas têm o direito de ser respeitadas.

O que fazer?

Não manter este problema em segredo e não vivê-lo sozinho/a e em silêncio. É importante conversar com alguém de confiança que possa ajudar a encontrar soluções (familiar, amigo/a, monitor/a, professor/a, psicólogo/a da escola).

Existem instituições que dão apoio a vítimas de violência, gratuito e confidencial, e onde é possível recorrer a acompanhamento psicológico e aconselhamento jurídico.