O Dalai Lama é um líder muito importante para as pessoas que seguem o budismo, especialmente no Tibete.
O atual Dalai Lama chama-se Tenzin Gyatso e nasceu a 6 de julho de 1935. Fala muito sobre a paz, a compaixão e a importância de sermos bons uns para os outros. Ganhou o Prémio Nobel da Paz em 1989.
De acordo com a tradição tibetana, a alma de um Lama reencarna no corpo de uma criança, que é depois identificada por sinais espirituais.
Como foi escolhido o atual Dalai Lama?
O 14.º Dalai Lama nasceu numa família de agricultores no nordeste do Tibete. Chamava-se Lhamo Dhondup.
Aos dois anos, foi identificado como a reencarnação do 13.º Dalai Lama, depois de um grupo de monges ter observado vários sinais, em especial quando a criança identificou objetos pessoais do 13.º Dalai Lama e disse: "É meu, é meu".
Em 1940, Lhamo Dhondup foi levado para o Palácio de Potala, em Lhasa, capital da atual Região Autónoma do Tibete, onde se tornou o líder espiritual dos budistas. Recebeu o novo nome de Tenzin Gyatso.
Enquanto criança, dois regentes governaram em seu nome, até assumir plenos poderes aos 15 anos, numa altura em que o Tibete enfrentava uma crescente pressão do regime comunista da China.
Em março de 1959, o Dalai Lama teve que fugir. Atravessou os Himalaias e um mês depois chegou à Índia. Instalou-se em Dharamsala, onde fundou o governo tibetano no exílio. Desde então, tem sido a voz do povo tibetano no mundo.
A cidade dos Himalaias que acolhe o Dalai Lama há 65 anos
À beira dos Himalaias, Dharamshala é uma cidade montanhosa no norte da Índia. É muito popular entre os turistas que procuram o rejuvenescimento espiritual no lar do Dalai Lama, que é também a casa de muitos tibetanos exilados.
A cidade transformou-se num verdadeiro mini Tibete, com uma grande variedade de restaurantes de comida tibetana, lojas de curiosidades e centros de meditação.
McLeod Ganj, na parte superior, alberga o complexo Tsuglagkhang, localizado no topo de uma montanha que alberga o Dalai Lama.
Ao longo dos últimos 60 anos, o Dalai Lama tem apelado a uma solução pacífica para a questão tibetana, defendendo a autonomia cultural e religiosa.
No Tibete, as autoridades chinesas continuam a restringir severamente a prática religiosa, proibindo imagens do Dalai Lama. Fotografias do Presidente Xi Jinping substituíram retratos do líder espiritual em locais sagrados, incluindo o próprio Palácio Potala.
Muitos são aqueles que pedem a “libertação” do Tibete.
Porque se está a discutir a sucessão do Dalai Lama?
Ao chegar aos 90 anos, Tenzin Gyatso continua a ser uma figura de referência global. Apesar da idade, mantém-se ativo e tem repetido que a sua reencarnação poderá ser encontrada na Índia e já alertou que qualquer sucessor nomeado pela China "não será respeitado".
“Se o meu sucessor tiver de continuar o meu trabalho, não poderá nascer num lugar onde o povo tibetano não é livre”.
Normalmente, o processo de escolha de um novo Dalai Lama só começa após a morte do anterior. Então porque se está a discutir quem vai suceder ao atual Dalai Lama?
"A discussão está a acontecer porque o governo chinês está a interferir na reencarnação de Sua Santidade o Dalai Lama", explicou Thupten Ngodup, que participará no processo de sucessão.
Os mais altos lamas das diferentes escolas do budismo tibetano iniciaram nos últimos dias, em Dharamshala, uma conferência convocada pelo Dalai Lama para discutir o futuro da sua sucessão.
Quem poderá escolher o próximo Dalai Lama?
A Fundação Gaden Phodrang, estabelecida pelo Dalai Lama em Zurique, em 2015, está encarregada de encontrar e reconhecer a nova reencarnação.
A China reclama o direito de aprovar a escolha do próximo Dalai Lama. Os tibetanos veem essa exigência como uma tentativa de controlo político.
Em março de 2025, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China reafirmou que o Dalai Lama é um “exilado político” sem legitimidade para representar os tibetanos.
Qual o papel da Índia e dos EUA?
Além do Dalai Lama, a Índia acolhe atualmente cerca de 100 mil tibetanos no exílio que ali têm liberdade para estudar e trabalhar.
Os Estados Unidos também apoiam a causa tibetana. Vários responsáveis norte-americanos já afirmaram que não aceitarão qualquer tentativa de Pequim de controlar a sucessão do Dalai Lama.
Em 2024, o então Presidente Joe Biden assinou uma lei que pressiona o governo chinês a negociar com os representantes tibetanos no exílio, com vista a uma maior autonomia para o Tibete.