A 22 de setembro, durante a 80.ª Assembleia-geral da ONU (um grande encontro anual em que participam quase todos os Estados do mundo), vai realizar-se uma conferência para nove países reconhecerem o Estado da Palestina. Portugal já o anunciou.
Até março deste ano, 147 países dos 193 que fazem parte da ONU já reconheciam a Palestina como Estado independente. Mas esse número vai crescer.
Uma iniciativa muito importante
O tema ganhou ainda mais força por causa da guerra que dura há quase dois anos entre israelitas e palestinianos. Este conflito já destruiu praticamente toda a Faixa de Gaza, deixou milhares de pessoas sem comida e ajuda humanitária e aumentou a pressão internacional para encontrar uma solução justa.
Onde ficam Israel e Palestina?
São dois territórios na mesma região - chamada Terra Santa por judeus, cristãos e muçulmanos e todos a consideram sagrada.
A região maior onde se inserem Israel e a Palestina chama-se Médio Oriente, entre a Europa, a Ásia e a África. É uma zona com muita história, onde nasceram três grandes religiões: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo.
Nesta região vivem dois povos diferentes, com religiões diferentes:
- Os israelitas, na sua maioria judeus - os crentes no judaísmo.
- Os palestinianos, na sua maioria muçulmanos - aqueles que seguem uma religião chamada islamismo.
Ambos querem viver na mesma terra, mas não concordam sobre como dividi-la.
Dos dois lados, há muitas pessoas que só querem viver em paz, mas também há grupos que lutam com armas.
Muitos países acreditam que a única saída é a chamada Solução de Dois Estados: Israel e Palestina, em pé de igualdade.
Um pouco de história
A discussão sobre a Palestina na ONU não é de agora.
• 1947 – A ONU começou a falar oficialmente da “questão da Palestina”.
• 1949 – Foi criada a agência de assistência aos refugiados palestinianos.
• 1974 – Foi reconhecido ao povo palestiniano o direito à autodeterminação. Além disso, a OLP (Organização para a Libertação da Palestina) ganhou o estatuto de observador na ONU, o que significa que podia estar presente, mas sem direito a votar.
• 1975 – A ONU criou um Comité para promover o direito à autodeterminação, soberania e independência.
• 1988 – A ONU passou a usar o nome “Palestina” em vez de “OLP”.
• 2002 - É aprovada uma resolução que defende uma solução de dois Estados para o conflito israelo-palestiniano.
• 2012 – A Palestina ganhou o estatuto de “Estado observador não-membro”, igual ao Vaticano. Pode falar e propor ideias, mas não pode votar.
Hoje, a Palestina continua como Estado observador, mas em 2024 conseguiu mais alguns direitos, como apresentar propostas diretamente ou pedir mudanças na agenda da ONU.
Ainda assim, para ser membro de pleno direito precisa da aprovação do Conselho de Segurança da ONU e depois da maioria de votos da Assembleia-geral.
O que esperar da Assembleia-geral da ONU
Vários países vão formalizar o reconhecimento da Palestina como Estado, como é o caso de França, Bélgica, Reino Unido, Luxemburgo e Austrália. Durante as próximas semanas, muitas dezenas de líderes de todo o mundo vão discursar na Assembleia-geral e muitos deles irão, certamente, falar da Palestina e de possíveis soluções para se alcançar a paz.
Mais do que uma decisão isolada, o facto de a Palestina estar no centro das atenções da Assembleia-geral pode marcar o futuro do povo palestiniano e ajudar a criar novas perspetivas de paz na região.