A Europa viveu em junho de 2025 um dos meses mais quentes de sempre, com duas ondas de calor excecionais que atingiram o sul e o oeste do continente.
A primeira onda de calor ocorreu entre 17 e 22 de junho e a segunda estendeu-se de 30 de junho a 2 de julho, afetando zonas do oeste e sul da Europa, incluindo Áustria, França, Alemanha, Itália, Portugal, Espanha, Suíça e Reino Unido.
As temperaturas do ar ultrapassaram os 40°C em vários países e chegaram aos 46°C em Espanha e em Portugal, com zonas do território português a atingir valores próximos dos 48 °C - o que corresponde a um nível de “stress térmico extremo”.
A situação foi causada por uma “cúpula de calor”. Afinal, o que é uma cúpula de calor?
Uma cúpula de calor acontece quando o ar quente fica preso sobre uma determinada área, devido à formação de uma espécie de tampa no céu.
É como se fosse uma panela com tampa. Dentro da panela está o ar quente e a tampa não deixa o ar sair. O ar vai aquecendo cada vez mais porque o calor do sol entra mas não consegue sair.
Este fenómeno impede a formação de nuvens e bloqueia os ventos refrescantes. Pode durar dias ou até semanas e provoca ondas de calor, que deixam os dias muito mais quentes do que o normal.
Além de muito calor, uma cúpula de calor pode causar problemas para a saúde, como desidratação e exaustão, além de dificultar o crescimento de plantas e secar lagos e rios.
À medida que a cúpula permanece sobre a mesma área, as superfícies escuras — como estradas e edifícios — absorvem e retêm mais calor, secando o solo e aumentando também o risco de incêndios florestais.
Mar Mediterrâneo atingiu temperatura recorde
A nível mundial, junho foi o terceiro mais quente de sempre. As águas dos mares também registaram valores extremos. Uma onda de calor marinha no Mediterrâneo Ocidental levou à temperatura diária mais alta de sempre para a região em junho: 27 °C.
As ondas de calor nos oceanos têm efeitos devastadores nos ecossistemas marinhos. Podem provocar migrações e mortes em massa de espécies, comprometer a saúde dos habitats submarinos e dificultar a circulação de nutrientes, ao reduzir a mistura entre as camadas superficiais e profundas da água.
Secas e humidade extrema
Junho também foi mais seco do que o normal em várias regiões, incluindo o oeste e sul da Europa, Reino Unido, sul da Escandinávia e oeste da Rússia. A humidade relativa nas áreas terrestres da Europa atingiu um novo mínimo, com valores 2,7% abaixo da média, superando o recorde anterior de 2022.
Já o norte da Europa (como Islândia, Irlanda, Dinamarca e Báltico) registou um clima mais húmido do que o habitual.
Gelo marinho continua a recuar
No Ártico, a extensão do gelo marinho ficou 6% abaixo da média, a segunda mais baixa de sempre para um mês de junho em 47 anos de registos por satélite.
Na Antártida, a extensão do gelo ficou 9% abaixo da média, o terceiro valor mais baixo para o mês.
As consequências do aumento da temperatura
São já poucos os cantos do mundo que podem dizer que não sentem as consequências das alterações climáticas.
Dos violentos fogos na Califórnia e na Austrália, ao degelo no Ártico e na Antártida, às inundações sem precedentes na Europa e na China, a verdade é inegável.