Quando um Papa morre é marcada uma reunião muito importante para escolher o novo líder da Igreja Católica. Chama-se Conclave e acontece na Capela Sistina, no Vaticano. É preparado ao pormenor e tem regras muito exigentes.
Em segredo total e fechados à chave
Antes de começar a reunião, as portas da sala são fechadas à chave, por dentro e por fora, e os cardeais ficam sob a proteção da Guarda Suíça, o exército do Vaticano.
Longe de tudo e de todos, os cardeais juram com a mão direita sobre a Bíblia manter segredo sobre a eleição. Os funcionários do Vaticano que têm acesso aos locais onde estão os cardeais também têm que manter segredo.
Na igreja só podem entrar padres para as confissões, dois médicos e pessoal da manutenção e limpeza. Antes de começar a votação, toda a área é verificada para que não existam telemóveis e câmaras escondidos.
Um processo que pode demorar
Com tudo pronto, os cardeais iniciam as votações, só os que têm menos de 80 anos podem votar.
No primeiro dia, pode haver só uma votação, mas nos dias seguintes são feitas quatro - duas de manhã e duas à tarde.
O processo pode demorar vários dias. Em séculos anteriores chegava a durar meses.
Como é feita a votação?
Os cardeais escrevem num papel o nome da pessoa que acham que deve ser o novo Papa, dobram-no e colocam numa urna.
Depois de cada votação, os papéis são queimados.
O Vaticano instalou duas salamandras: numa queimam-se os votos e na outra é produzido o fumo negro ou branco que anuncia para o exterior o resultado da votação.
Se aparecer fumo preto na chaminé da Capela Sistina, significa que ainda não há acordo. Se sair fumo branco, quer dizer que já foi escolhido o novo Papa.
Se ao fim de três dias os cardeais ainda não tiverem chegado a acordo, o processo é suspenso por um dia para orações e conversas.
Seguem-se depois mais sete votações antes de outra pausa e assim vai acontecendo até conseguirem eleger o Papa.
O Papa Francisco foi eleito à quinta votação, no segundo dia do Conclave, enquanto Bento XVI foi escolhido à quarta.
Em ambos os casos, além do fumo branco que saiu da chaminé da Capela Sistina, o toque dos sinos da basílica de São Pedro anunciou a escolha do novo Papa.
“Habemus Papam!”
Depois da escolha feita, o cardeal eleito tem que responder se aceita ser Papa. Se recusar, o processo começa novamente. Se aceitar, deve escolher o nome pelo qual quer ser chamado.
Quando foi eleito em 2013, Jorge Mario Bergoglio escolheu o nome Francisco, numa homenagem a São Francisco de Assis, o santo dos pobres.
De seguida, os cardeais prestam homenagem e obediência ao novo Papa. É preparada a roupa e, na varanda da Basílica de S. Pedro, é anunciado o novo Papa que dá a primeira bênção aos católicos.
"Annuntio vobis gaudium magnum... habemus papam!" (Anuncio com grande alegria que temos um Papa)
Sabias que…?
- Normalmente os cardeais escolhem um cardeal, mas qualquer homem maior de idade e que seja batizado pode ser eleito Papa.
- O último pontífice vindo de fora do Colégio Cardinalício foi Urbano VI, arcebispo de Bari (Itália) em 1378.
- Atualmente, o colégio eleitoral tem 252 cardeais, mas só 133 podem votar, uma vez que 114 têm mais de 80 anos.
- Portugal tem quatro cardeais que vão escolher o próximo Papa. São eles Américo Aguiar, José Tolentino de Mendonça, Manuel Clemente e António Marto.
- Os cardeais não podem candidatar-se ao lugar de Papa e também não lhes é permitido chegarem a acordos ou fazerem promessas.
- Os cardeais não podem absterem-se ou votar neles.
- O Conclave mais longo durou quase três anos (dois anos e nove meses). Começou em 1268 e terminou em 1271.
- O mais curto foi de apenas 24 horas (para eleger Pio XII).